Por um transporte público acessível e de qualidade

Diante dos protestos dos últimos dias paramos pra refletir o papel do cidadão, frente as políticas públicas e a problemática instaurada no mundo moderno. O posicionamento do Greenpeace manifesta também nossa opinião e gostaríamos de compartilhar esses ensinamentos e discussões, para que sejam construídas formas de pensar e agir não limitados a um posicionamento político, mas sim, a favor do bem estar da população e em respeito aos direitos públicos.

Pelo direito à manifestação sem violência e pelo transporte público acessível

As manifestações contra o aumento da passagem do transporte público começaram em São Paulo e tiveram rápida adesão no Rio, em Belo Horizonte e em Curitiba. Outras cidades prometem ter manifestações semelhantes nos próximos dias, o que mostra a urgência do tema.

A discussão da tarifa foi apenas o estopim de uma demanda há tempos reprimida: a melhoria e expansão do transporte público nas grandes cidades brasileiras passa por uma revisão de prioridades do governo e vultuosos investimentos em mobilidade, que tornem o ir e vir de todos um direito mais realista.

Com décadas e décadas de incentivo ao transporte individual, as megacidades brasileiras foram cedendo espaços de convivência e de troca social aos automóveis. O que os jovens estão fazendo, agora, é se levantar contra esse modelo insustentável e retomar a rua, espaço que lhes é de direito.

Considerando a questão da mobilidade essencial para a construção de cidades mais sustentáveis, acessíveis e democráticas, pedimos às autoridades que aceitem a pressão das ruas como forma de repensar suas políticas de mobilidade urbana. O financiamento do transporte público precisa ser tratado como uma política nacional. Se a discussão do transporte se concentrar simplesmente no orçamento municipal, não haverá solução.
Precisamos de mais transporte público, de melhor qualidade e mais barato. Também precisamos de políticas pensadas especialmente para facilitar o acesso da população mais carente e de públicos que mais necessitam do transporte e que não têm como arcar com a despesa, como os estudantes.
Também são necessárias medidas que desestimulem o transporte individual e um redirecionamento dos subsídios dos combustíveis fósseis para o transporte público.

Os protestos vão continuar e o poder público precisa estar aberto ao diálogo. É muito perigoso para a democracia quando os governos viram as costas aos anseios da juventude e respondem com métodos típicos dos anos de chumbo. Balas de borracha, bombas de efeito moral e cassetetes são incapazes de calar inconformismos e desejos de mudanças.
O Greenpeace é uma organização que tem em seu DNA o protesto pacífico como forma de cobrar mudanças de atitudes de governos e de corporações. Lamentamos as cenas divulgadas nos últimos protestos e pedimos prudência de ambos os lados. De qualquer maneira, defenderemos sempre o direito à manifestação não violenta, afinal ela é um instrumento da democracia.
O papel da força policial, que representa o Estado, é implementar a lei e garantir a segurança. Jamais usar a violência para coibir a livre manifestação do pensamento e para promover um ambiente de pânico e caos. O governador Alckmin deve se posicionar de forma favorável ao direito de manifestação pacífica e coibir as cenas de violência policial, inaceitáveis num estado democrático.

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